Amado Nervo - Em Paz
EN PAZ
Artifex vitae, artifex sui
Muy cerca de mi ocaso, yo te bendigo, Vida,
porque nunca me diste ni esperanza fallida,
ni trabajos injustos, ni pena inmerecida;
porque veo al final de mi rudo camino
que yo fui el arquitecto de mi propio destino;
que si extraje la miel o la hiel de las cosas,
fue porque en ellas puse hiel o mieles sabrosas:
cuando planté rosales coseché siempre rosas.
Cierto, a mis lozanías va a seguir el invierno:
¡mas tú no me dijiste que mayo fuese eterno!
Hallé sin duda largas las noches de mis penas;
mas no me prometiste tan sólo noches buenas;
y en cambio tuve algunas santamente serenas...
Amé, fui amado, el sol acarició mi faz.
¡Vida, nada me debes! ¡Vida, estamos en paz!
Amado Nervo
E uma possível tradução:
Em Paz
Já bem perto do ocaso, eu te bendigo, ó Vida,
porque nunca me deste esperança mentida,
nem trabalhos injustos, nem pena imerecida.
Porque vejo, ao final de tão rude jornada,
que a minha sorte foi por mim mesmo traçada;
que, se extraí os doces méis ou o fel das coisas,
foi porque as adocei ou as fiz amargosas:
quando plantei roseiras, colhi sempre rosas.
Decerto, aos meus ardores, vai suceder o inverno:
mas tu não me disseste que maio fosse eterno!
Longas achei, confesso, as minhas noites de penas;
mas não me prometeste noites boas, apenas,
e em troca tive algumas santamente serenas...
Amei, fui amado, o Sol acariciou a minha face.
Vida, nada me deves. Vida, estamos em paz!
Poeta mexicano do início do século passado muito inspirado pelas questões filosóficas da vida. Recomenda-se vivamente o livro "Plenitude".